#45 entretanto

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[editorial] Onde está a escola?
Cláudia Ribeiro, Francisco Paixão e Inês Saraiva

A forma segue a formação
Lara Reis

Invadir
Inês Saraiva

[entrevista] Alexandre Alves Costa
Cláudia Ribeiro, Ivan Brito e Paula Chaves

“Basta! Pum! Basta!”
Cláudia Ribeiro

Escola: entre o dinamizador pedagógico e…a nossa casa
Carolina Coelho

[artigo gráfico] “Arquitectura em ruína 2.0”

[enviados nu] Au Revoir, Nevoeiro
Carolina Ramos

Seja Realista, exija melhores condições
Paula Chaves

Ecos
Nuno Santos

[à conversa com] Bruno Gil
Cláudia Ribeiro e Lara Reis

Um Início
Flávia Bellesia

Cultura, Informação e Arquitectura
Francesco Benatto

Requalificação da Sala dos Alunos
Bárbara Batista e Guilherme Falcão

[contaminações] Preguiça
António Carvalho

Às vezes mais vale estar calado
Francisco Paixão e Hugo Silva

[a nu] Isto não é uma instalação 
Cláudia Ribeiro

 

[editorial] Onde está a escola?

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Multifacetada e multidisciplinar, a arquitectura revela complexidade na transmissão dos conhecimentos a si inerentes. A sua vinculação a determinados e variados contextos obriga a uma adaptação e atualização permanentes – seja da disciplina, do seu conhecimento e da sua prática, seja da reflexão e
do ensino. 

Numa escola, esta mutação permanente parte da vontade de lhe pertencer, de partilhar e de comunicar. No espaço onde habitam estas premissas, surgirá o espaço para falhar e, consequentemente, o espaço para aprender.
Sem diálogo e sem intervenção, a escola é nada mais do que o seu espaço físico: paredes que não ecoam nada são para além de estrutura. Numa escola – espaço tão intensamente dos alunos – é preciso que estes não sejam meras entidades passageiras conduzidas cegamente por premissas nunca questionadas:

Onde estão os agentes interessados e interessantes, motivados e motivadores?
Onde estão as buscas descomplexadas pelo conhecimento e a capacidade de ir além do expectável?
Onde está a rebeldia de uma geração vasta de pensadores inocentes e crentes na utopia de um mundo melhor?
Onde está o tempo para questionar Onde está a Escola?

Era sobre isto que queríamos falar… Falar sobre tudo: questionar tanto quanto reivindicar; tanto falar sobre o espaço e sobre as pessoas, como sobre os malditos bancos ou o romance; discutir a própria revista e perceber a relação entre teoria e prática; questionar a Escola de Coimbra, enquanto se celebra o ensino. Queríamos falar sobre tanto que ficámos entre tudo isto. Mas nunca esquecemos o nosso ponto de partida, a nossa casa, a nossa musa: o claustro. Este espaço que nos alberga e que tanto nos protege e abriga como nos faz voar; um lugar de trocas e vivências, um espaço para pertencer, deixar marcas e recolher memórias – a verdadeira escola!

“Mas antes, oh musa, é bom que se saiba de antemão que há assuntos de que não falaremos.”  Não falaremos da arquitectura como arte nem da sua aproximação à engenharia. Não falaremos do egocentrismo de alguns egos. Não falaremos de outras escolas de arquitectura como comparação entre diferentes realidades. Não falaremos do fim da arquitectura, porque esta será eterna enquanto o Homem dure… Não falaremos da juventude na batota, nem dos cotas na tasca. Não falaremos daqueles que não quiseram ser ouvidos nem dos que tardaram em calar.

Falaremos de Porto, Lisboa, Coimbra e o mundo. Falaremos de escola com palavras roubadas ao Costa. Falaremos de interação social e incitaremos o ativismo pedagógico. Falaremos de turismo e cidade na universidade. Falaremos de outros mundos e de outras vontades. Falaremos do que precede a forma e de um manifesto futurista de revolta e indignação. Voltam as janelas, regressam os grandes planos. No fundo, a vontade é a mesma e dessa nunca nos conseguiremos libertar. Falaremos da vida e do que está para além dela. Falaremos de preguiça e dos caminhos até casa. Falaremos do início e de como tudo poderia ter começado.“E não falaremos de mais nada a não ser o [que nos surgiu como] essencial! E o essencial é ter (…) o vento no pensamento!”

autores:
Cláudia Ribeiro, Francisco Paixão e Inês Saraiva (alunos de dissertação)

 

#44 limite

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[editorial] O limite do limite
Francisco Paixão

O propósito é a Cidade
Inês Saraiva

Miscommunications
Ivan Brito

Quimera
Paula Chaves

[entrevista] Pedro Brígida
Carolina Ramos, Cláudia Ribeiro e Inês Saraiva

[artigo gráfico] de(s)limitar
Beatriz Marques

[enviados nu] RMA | Muhipiti
António Moreno | Carlos Fraga

[à conversa com] António Bettencourt e Carlos Antunes
Diogo Simões, Lara Reis e Paula Chaves

Arquitectura, por vir
Diogo Simões

Olhar lá para fora
Francisco Paixão

Atrevimento
Letícia Callou

[entrevista] João Baía
Lara Reis e Paula Chaves

[contaminações] SENZEB
João Paulo Cardielos, Eduardo Mota e João Briosa

[a nu] Stairway to nowhere

 

[editorial] O limite do limite

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Limite, estrema, fronteira, raia, aquilo que define ou delimita um espaço.

Entendemos, muitas vezes, o limite como um fim, uma meta, uma fronteira entre dois espaços, uma linha que separa, como o momento imediatamente antes de algo transbordar, algo completo ou acabado, um término. Contudo, esse momento pode ser ultrapassado, transpondo-se esse ponto, passando, então, o limite a ser um mediador entre estados diferentes e não apenas um fim em si mesmo.

Mas o que está para além do limite? E qual limite? Do limite físico, existente, marcável e definível? Ou o limite do bom senso, da legalidade, do que é normal fazer? Qual o limite entre o real e o irreal? Entre o natural e o artificial? Entre o possível e o utópico? Será o espaço infinito? E o Espaço? Tem o Universo limites? Sendo este, aparentemente, uma coisa física, é definível e limitado? O Universo expande-se constantemente, mas qual o limite dessa expansão? Terá fim? E qual o limite oposto, o da concentração? Quanto poderá ser o espaço condensado e comprimido?

Partimos da arquitectura, onde os limites se revelam primariamente no espaço, sendo aquilo que dá forma à própria arquitectura. Normalmente podem ser condicionantes para o projeto, mas são do mesmo modo a única base para o fazer; sem eles a arquitectura caíria num vazio experimental onde essa total liberdade acabaria por impedir o processo de criação. Todo o projeto surge de algo – um programa, um local ou um conceito -, e esse algo, por mais variável que possa ser, terá sempre o seu caráter de limite.

No entanto, fugimos também do próprio limite da arquitectura tentando encontrar-nos a nós próprios num tema que é, por contradição à sua natureza, muito amplo e quase ilimitado. Ao mar como uma fronteira física que impede o continuar opomos um estado de reflexão que pela imensidão do seu confronto nos provoca o sonho e desse sonho julgamos o real. Questionamos aquilo que existe mesmo e aquilo que apenas pensamos existir. Real ou irreal, sonho ou metafísica, um diálogo constante que nos provoca a sensação de medo. Regressamos a casa quando nos deparamos com este abismo, mas mesmo aqui há um confronto: discutem-se os tais limites do campo disciplinar da arquitectura. Entendê-los, ou pelo menos discuti-los, permite-nos perceber, não só o modo como esta lida com outras áreas, mas sobretudo as expectativas depositadas sobre esta.

Entender os limites é, no fundo, entender o que é limitado; é entender o que se está a delimitar. Procurando os limites de algo, procura-se esse algo em si. O que define e limita uma coisa acaba por ser a sua própria definição, o modo de a designar.

Viveremos a vida nu limite?

autor:
Francisco Paixão (aluno de dissertação)